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Êta cidade avançada

Publicado na Revista Tutti Vida & Estilo | 03ª Edição | Agosto | 2012
Foto: Aquarelas: Denise Storer

A historiadora Marly Peressin e o jornalista Cecílio Elias Netto enumeram alguns dos fatos que fizeram de Piracicaba uma cidade à frente do seu tempo

Que cidade foi pioneira na navegação fluvial, na produção de açúcar, no processamento moderno de carnes, além de ser uma das primeiras a ter energia elétrica? Piracicaba, claro. E esses são apenas alguns dos quesitos que tornam o município, que acabou de completar 245 anos, tão orgulhoso de sua história.

A historiadora Marly Therezinha Germano Peressin e o jornalista Cecílio Elias Netto contam que essa vocação sempre esteve presente na cidade. Dois apaixonados por Piracicaba (Cecílio é nativo e Marly, embora nascida em Taquaritinga, vive aqui desde a infância), eles enxergam esse lado progressista em muitas áreas.

“Piracicaba começou a ser pioneira logo depois de sua fundação, com a indústria de barcos”, lembra Marly. Logo depois, no século 19, a cidade, que tinha uma das maiores populações de escravos (o que não pode ser considerado motivo de orgulho, salienta a historiadora) passou a ser considerada fronteira agrícola e se tornou uma das maiores produtoras de açúcar. “Era um dos municípios integrantes do Oeste Paulista, região comandada na época por Itu. E não se pode analisar a cidade sem levar em conta a região toda”, explica.

Em seguida, logo após a Proclamação da República, Piracicaba começou seu pioneirismo no ensino rural. “A cidade passou a ter um enorme número de escolas instaladas, passando a ser a segunda em número, atrás apenas da capital. Tinha bem mais que Campinas e Santos”, conta Marly. Foi nesta fase que a cidade ganhou o título de Ateneu Paulista, dado pelo escritor italiano Roberto Carpi, que veio ao Brasil visitar várias cidades paulistas e escrever sobre os locais. A propósito, Marly comenta que se referir a Piracicaba como Atenas Paulista, como se tornou comum, é não apenas uma confusão, mas ‘prova de falta de informação’.

No comecinho do século 20, a cidade avança por conta da então Escola Agrícola, hoje Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz), impulsionada pelo gênio empreendedor e pioneiro de seu patrono. Mas há outro fato, menos divulgado: a instalação do Matadouro Municipal, em 1913, instalado onde hoje é o bairro Algodoal, trouxe outro avanço: a cidade passou a ser pioneira no processamento de carnes. “Era um sistema diferenciado de processar carnes verdes, de bovinos, ovinos, suínos e caprinos. As instalações do matadouro eram bastante modernas para a época, seguindo o modelo alemão”, conta.

Mais recentemente, a cidade passou a ser celeiro de artistas (impulsionados por Miguel Dutra que, embora não nascido aqui, liderou um grupo atuante) e depois, em plena ditadura militar, foi pioneira em dar voz a humoristas, no Salão Internacional de Humor, atualmente em sua 39ª edição. Piracicaba também foi a primeira a ter um pelotão feminino da Guarda Civil Municipal, que está completando 20 anos.

Hoje, Marly acredita que o pioneirismo de Piracicaba é o da transformação. A cidade muda muito, tanto que a historiadora não arrisca um palpite sobre como acredita que a cidade estará daqui a dez anos. “Não dá para fazer um diagnóstico, porque a cidade se transformou num caldo de cultura que você não sabe qual será o resultado. Hoje não existe mais gente só de Piracicaba, há pessoas de todos os lugares. E, com o tempo, esse fenômeno de comurbação, de união das cidades, de desaparecimento dos limites, estará mais intenso. As cidades podem estar todas unidas, já que as nossas vizinhas são tão dinâmicas quanto a gente”, conclui. (por Ronaldo Victoria)

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