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Loucas pelo Nhô Quim

Publicado na Revista Tutti Vida & Estilo | 06ª Edição | Março | 2013
Foto: Alessandro Maschio / MBM Ideias

Mulheres falam de sua paixão pelo XV de Novembro

A aposentada Emília da Rocha Lima, 65, que toda a cidade conhece como Dona Lili, lembra até hoje da emoção que sentiu ao vê-lo, e faz 50 anos, em 1963. A contadora Ângela Barbieri, 55, tem 15% de audição, mas jura sentir os gritos de amor dirigidos a ele. A jornalista Renata Perazzoli, 38, conta que é apaixonada por ele desde os cinco anos de idade, mas ficava triste porque o irmão mais velho ia vê-lo e ela não.

Quem é ele? O príncipe encantado na vida delas? Não, é o XV de Piracicaba, o Xvzão que bate forte no peito e na alma dessas três mulheres que, além de torcedoras, viraram conselheiras do time. Elas representam 10% de uma equipe formada por 30 pessoas, uma representação que vem crescendo.

Lili, que se aposentou recentemente depois de vários anos atuando como empregada doméstica, conta que ficou um tempo afastada da cidade (ela nasceu no Arraial de São Bento), porque foi cedo para a capital. “Eu tinha 11 anos. Naquele tempo, a gente podia trabalhar sendo menor de idade. Eu fiquei seis anos numa casa na Penha, como babá”, lembra.

A experiência durou seis anos e, em 1963, ela voltou a Piracicaba, onde passou a ser operária na Fábrica de Macarrão Aurora. Até que um dia, uma amiga a convidou para um passeio que considerou esquisito. “Ela me disse: ‘Vamos ao estádio ver um jogo do XV?’ Eu nunca tinha pensado nisso, mas aceitei”, conta. O estádio ainda era o Roberto Gomes Pedrosa, na rua Regente Feijó (onde hoje está instalado um hipermercado) e foi o que se pode chamar de amor à primeira vista.

Angela tem mais de 40 diferentes camisas do time

“Eu já sabia do XV, já gostava daquela camisa zebrada , desde aquele instante, nunca deixei de gostar. Quando eu trabalhava em casa de família, que naquele tempo era de segunda a segunda, tinha de pedir folga no domingo para não perder jogo”, lembra. E a partir daí, Lili nunca deixou de acompanhar o time, não importa a fase em que estivesse. “Cansei de ir a jogos da A3 e os atletas me dizem que dói a humilhação.”

Por isso, Lili confessa que já bateu boca com ‘corneteiros’, como são chamados aqueles torcedores que só reclamam, os pessimistas de plantão. “Às vezes, a gente perde a cabeça, mas eu acho que quem só fala mal não vem ao campo. Eu não gosto de ver gente que só sabe chamar os jogadores de vagabundos, mercenários.” Parece que isso dói nela. Afinal o XV, para Lili, é algo que não se explica, ela não pode definir aquele alvinegro. “Eu não sei explicar o que eu sinto. Eu nunca vou ao teatro, ao cinema, nada. Meu lazer, minha diversão, é o futebol.”


Sons do XV

Nascida em Pereiras (SP), Ângela Barbieri veio morar em Piracicaba há 12 anos e se apaixonou. “Adorei. Hoje sou filha adotiva desta cidade, não troco por nada neste mundo”, declara. Ela já conhecia o XV dos tempos da infância. “Quando a gente morou em Laranjal Paulista, meu pai costumava cantar o ‘Cáxara de Fórfe’ e eu achava engraçado. Mas ainda era corinthiana”, conta.

Quando veio para a cidade, começou a namorar um radialista e foi ele que a apresentou ao XV. “Eu me lembro perfeitamente do meu primeiro jogo, foi no Barão de Serra Negra, contra o Comercial de Ribeirão Preto. Eu estava na cabine de imprensa. Eu juro que na hora que a torcida do XV começou a cantar e a batucar, e a gritar o nome do time, eu consegui ouvir e isso me deixou inteira arrepiada”, revela.

A paixão é tão grande que Ângela tem em sua casa, na Vila Rezende, o ‘cantinho do XV’. São 42 camisas de inúmeros modelos, canecas, garrafas, chaveiros e todo tipo de lembrança. Ângela define a torcida do XV como ‘paz e amor’ e revela que durante este tempo encontrou amigos verdadeiros. “Eu não sei definir o que sinto pelo XV. Pelo meu time eu sofro, eu choro, eu brigo. Eu costumo dizer que se arrumar um namorado e ele me pedir para escolher entre ele e o XV, eu não tenho dúvida: eu fico com o XV”


Lili não abandona o XV nem nos momentos de maior fragilidade do timeAmor incondicional

Renata Perazzoli conta que era pequena, com cinco anos no máximo, e já sentia a simpatia pelo XV, o que depois se tornaria amor incondicional. A avó da jornalista morava bem próximo ao estádio, na rua Manoel Ferraz de Arruda Campos, mas ela demorou para entrar no estádio do XV. “Meu avô ia a quase todos os jogos, mas só levava meu irmão. Menina não ia”, conta.

Pouco tempo depois, ela foi embora com a família para São José dos Campos, onde ficou por 11 anos, e só retornou a Piracicaba em 1993, quando passou a acompanhar os jogos. “Eu não me lembro quem era o adversário, mas até hoje não consigo esquecer a sensação de ficar junto à torcida do XV. Você fica arrepiado o tempo todo”, garante.

No XV, Renata, que foi a primeira mulher a ocupar o cargo de ouvidor, diz que o torcedor se sente ‘em casa’. “É um time que está de portas abertas para o torcedor, e é uma torcida que não arruma briga. Às vezes, me perguntam se, além do XV, eu torço para um time grande, mas eu sempre falo que eu torço pro time da minha terra, e não preciso de outro.” (por Ronaldo Victoria)

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