Fazemos acontecer

No lugar certo

Publicado na Revista Tutti Vida & Estilo | 09ª Edição | Setembro | 2013
Foto: Alessandro Maschio / MBM Idéias
Quando era criança, Rose Massaruto queria ser bailarina. Mas o sonho ficou em segundo plano quando, na hora de escolher a profissão, descobriu as possibilidades do turismo. “Eu sabia que queria algo ligado à área de humanas e o turismo foi minha primeira opção. Passei em todas as faculdades em que prestei vestibular, mas preferi a Unimep (Universidade Metodista de Piracicaba), para ficar na cidade”, conta. Hoje ela talvez seja uma das poucas (senão a primeira) turismóloga a ocupar o cargo de secretária municipal do Turismo, em Piracicaba. Uma escolha técnica e acertada do prefeito Gabriel Ferrato.
Nesta entrevista ela fala sobre seus planos para a cidade, que já define como turística, e a habilidade de fazer muita coisa com pouco dinheiro.

Tutti Condomínios - Piracicaba já é uma cidade turística?

Rose Massarutto - Com certeza. O turismo de negócios já é algo que temos há muitos anos, com taxa de ocupação grande e picos de 100% em algumas épocas. E o turismo de lazer passou a crescer muito. O que a gente tem agora como desafio é fazer com que esse turista fique na cidade. Porque temos um turismo regional, o que você percebe nos finais de semana.

Como fazer com que ele não apenas passeie?

Não temos ainda um mercado que chame a atenção desse visitante para que ele se hospede, que ele fique para realmente conhecer a cidade e fazer vários passeios. Temos a Rua do Porto, que é o ponto principal desses visitantes regionais, mas uma série de outros locais com grande recurso turístico.

Precisa ter mais pacotes turísticos?

Isso vem da iniciativa privada. Queremos trabalhar cada vez mais com as empresas do setor para que se possa dar adequação pública, estrutura urbana e turística, e aos poucos se invista nesse tipo de serviço. Mas já começamos em Piracicaba e temos dois passeios de um dia. Pelo menos dois dias e mais um dia livre esse turista poderia ter aqui. Temos a Rota Tirolesa (das comunidades de Santana e Santa Olímpia), e o Passeio de Barco, que sai da Rua do Porto e desce até o Tanquã.

Que outros pacotes poderiam ser feitos?

Temos investido no turismo regional, com mais alternativas. O Nordeste utiliza muito isso. Quando você vai a passeio para Aracaju ou Maceió, você pode visitar o Xingó (cânion localizado no rio São Francisco), de qualquer lugar. Você cria alternativas regionais de visitação e de venda. Nós estamos muito afinados politicamente e mercadologicamente com Águas (de São Pedro) e São Pedro.

Fazer um circuito?

Isso, em que a pessoa fica instalada numa cidade e conhece as outras. Aí a gente distribuiria esse fluxo. Mais recentemente, temos conversado com Brotas. As quatro cidades têm focos diferenciados, em que você pode ter demanda por nicho de faixa etária. Somos o pólo mais desenvolvido, e por isso temos mais gastronomia de qualidade, mais hotelaria.

E a rede de restaurantes?

O interessante é que proporcionamos uma variedade de custo, não é uma cidade com um padrão só.

Como você definiria a cara turística da cidade?

A identidade do turismo de Piracicaba é a cultura interiorana. É o que o turista vem com a ideia de achar: o ‘caipiracicabano’. Aqui, até pela mistura, você consegue encontrar coisas pontuais e diversificadas. Isso é uma riqueza nossa e vamos ter que trabalhar.

E a falta de recursos, prejudica?

O turismo tem toda a tradição de ser uma das Pastas com menor receita. Ao mesmo tempo que somos a menor Pasta, somos uma atividade extremamente econômica. Então, temos mais possibilidades de gerar recursos por meio de parcerias. Nas secretarias de Saúde e Educação, que são as mais crônicas, você já tem poucas possibilidades de trazer recursos.

A cidade tem um calendário intenso. Não existem tempos mortos...

Eu não tenho sazonalidade no trabalho, vou de janeiro a janeiro. Temos mantido uma secretaria intensamente envolvida em eventos, turísticos e populares. No calendário oficial temos 30 eventos no ano. Quanto às festas populares, no ano passado apoiamos 625 eventos.

Não fica mais fácil trabalhar porque o povo de Piracicaba é festeiro?

É uma cidade festeira. Acho legal porque a manifestação cultural, a festa, traz identidade para as pessoas. E isso é muito bom, porque você ter identidade é você amar o lugar em que você está. É uma forma de as pessoas valorizarem a cidade.

Como vender mais essa imagem simpática de Piracicaba?

Piracicaba é um produto rentável e temos tentado uma linha de propaganda, que deu um ‘boom’ nos últimos anos, que foi a criação do site. Nós percebemos que tem um número maior de turistas em Piracicaba. Criamos também roteiros autoguiados, o que ajudou muito a fazer as pessoas a percorrer esses circuitos.

O migrante que vem a Piracicaba é sempre acolhido...

Eles dizem que são acolhidos pela cidade. É como dizem, ´quem bebe desta água não vai mais embora´.

Você é de Piracicaba?

Eu nasci aqui, morei fora, e percebo que quando vai morar em outras cidades, tem parâmetros de comparação e percebe quanto ela é mais livre para as coisas. Dá saudade de Piracicaba.

O que define Piracicaba?

É o rio, é a alma da cidade. Uma coisa importante é que Piracicaba não deu as costas para o seu rio. Ao contrário. A gente vê como as pessoas querem estar perto deste rio. As pessoas querem estar presentes nesta orla.

Assume a sua identidade?

Isso. E percebe que é nesse local que pode ser como é.

Piracicabano gosta de ser caipira, não?

Eu acho que ele gosta. É a raiz dele. A gente fica orgulhosa de ouvir gente dizer que quer comer o peixe de Piracicaba. E a pamonha. Que agora tem, tanto em quiosques da Rua do Porto quanto no Mercado.

Piracicaba tem muitos lugares bonitos. Mas essa passarela sobre o rio é polêmica. O que acha?

Inicialmente, é importante para a mobilidade, dentro deste contexto. O que acontece é que toda sociedade que tem um rio que a corta, toda intervenção urbana tem uma reivindicação.

Ou resistência?

Isso. Mesmo que aquilo possa se tornar um ícone futuro. A Torre Eiffel teve manifestações contrárias. A própria passarela pênsil teve. Houve a intenção de ser arrojado. Entretando, neste momento não teve uma receptividade. Não me meto a falar se é bom ou ruim porque acho que pode se tornar um ícone.

E onde a secretária gosta de ir para passear ou viajar?

Tenho poucas folgas. Eu gosto muito de vir para a Rua do Porto, venho com frequência, e sou uma apaixonada por gastronomia. Então, visito muitos restaurantes.

Cozinha? Tem qual especialidade?

Cozinho. Meu prato é o macarrão ao pesto. E foi o prato que conquistou meu marido (Eduardo Oliveira). Sou descendente de italianos, então adoro fazer uma massa ou risotos. O que mais faço hoje quando quero descansar é curtir a minha casa, em reuniões com os amigos.

Também viaja muito?

Muito. Nos últimos anos não tenho tanto, por causa da rotina de trabalho.

Que lugar mais gostou de conhecer?

De todos. Desde cidadezinhas como Itatiaia e Penedo, que quase ninguém conhece, ou mesmo Santo Antônio do Pinhal, que não é ícone turístico, mas tem uma hospitalidade enorme. É bem perto de Campos do Jordão, mas a qualidade de atendimento é bem melhor. Eu gosto desses diferenciais, conhecer mesmo os lugares. Gosto também do Nordeste e sempre que posso faço uma viagem para lá.

Quando vai, leva junto a cabeça da secretária de turismo, analisando tudo, ou relaxa?

Não tem como você sair disso. Você vê e fala: ‘Isso é interessante para a gente pensar para Piracicaba’. Já estive em outros países, e recentemente estive nos Estados Unidos, numa área que não é muito visitada por brasileiros, que é o Golfo do México. Conheci uma cidade chamada Tampa, na Flórida, que tem as características de Piracicaba. Mesmo tamanho, não tem mar, mas tem o golfo, com um rio de água salgada. Fiquei encantada.

A cabeça não consegue parar, não?

Não consigo. Eu não nasci para ser dona-de-casa e ficar muito quieta. Eu sou muito agitada. Eu sou daquelas que acorda à noite para anotar o que está pensando.

Não desacelera nem nas viagens?

Não. Eu acho que a vida é curta. Não acho que seja longa. Você usa pouco do que o mundo pode te dar.

Pensa em ter carreira política?

Não penso. Eu gosto de ser secretária, porque a gente tem a possibilidade de fazer, executar. (por Ronaldo Victoria)

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