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Inquieto e original - Monte Alegre faz parte dos planos para o futuro do artista visual Fábio Cristo

Publicado na Revista Monte Alegre | 17ª Edição | Março | 2014
Foto: Bolly Vieira
Por Ronaldo Victoria

Fábio Cristo já teve uma obra exposta na sede da ONU (Organização das Nações Unidas), em Nova York, mas sonha mesmo em ter uma taberna, dessas bem rústicas, no Monte Alegre, onde pretende servir vinho artesanal, expor obras e tocar boa parte da sua coleção de vinis antigos. “Estou louco para voltar, e já visualizo essa volta. Tenho esse interesse, gosto demais daqui, e acho que posso colaborar”, acredita.
 
De carreira bastante variada, apesar do pouco tempo, Fábio, que se define  como um artista visual, teve um grande momento quando participou de uma campanha em nível internacional para a regulamentação da venda de armas, patrocinada pela Anistia Internacional, e que estava tendo votação na ONU para a aprovação de uma resolução.
 
“Os quadros que fiz tiveram como pretexto fazer algo violento para chamar a atenção. Colocamos três manequins, que representam um homem, uma mulher e uma criança, enchemos de nanquim vermelha e gravamos na tela o impacto da bala, por um atirador profissional. Procuramos algo de impacto mesmo”, conta, lembrando que a campanha destacava as mortes em guerrilhas de todo o mundo e por bala perdida.
 
A obra também foi exposta no Museu da Eletricidade de Lisboa, cidade onde ele morou durante um ano. Fábio também teve publicado um trabalho, em 2007, na famosa revista inglesa Jungle Drums, ilustrando um poema de Arnaldo Antunes. Sem contar com outro mais recente, de uma revista de Istambul, na Turquia, que fez uma matéria especial com 20 artistas de todo o mundo que fazem um trabalho diferente.
 
Todos esses contatos são possíveis por conta da internet. “Hoje o Flickr, site que funciona como uma galeria de imagens, acaba sendo o nosso maior cartão de visitas e a gente acaba recebendo convites de várias partes do mundo”, explica. Por essa razão, ele acredita também que voltar a se estabelecer em Piracicaba não vai ser um entrave para deslanchar sua carreira.
 
Atualmente, Fábio trabalha de forma independente num ateliê que funciona num prédio da Vila Madalena, em São Paulo, onde se reúnem vários artistas. A proximidade com pessoas que têm a mesma profissão é interessante, mas ele se confessa cansado do estresse da metrópole, onde perde um bom tempo do dia apenas para se deslocar da Saúde, onde mora, até o trabalho.
 
“O meu trabalho não é convencional, sou definido mais como artista visual porque não fiz artes plásticas. Eu até tentei, mas a família, na época, foi contra, e então acabei entrando em comunicação social na Anhembi Morumbi”, conta. Hoje ele define seu trabalho como um ateliê de propostas criativas e os seus clientes são tanto agências de publicidade que desejam suporte para uma campanha quanto escritores que o contratam para criar capas de livros. Seu sonho é que o ateliê comece a ter um andamento independente para que possa se dedicar mais às artes plásticas. Além, claro, de pensar na mudança para Piracicaba.
 
“Eu sinto muita falta de Piracicaba. E quero acreditar, ao contrário do que me dizem em São Paulo, que eu posso sim desenvolver aqui a minha carreira”, destaca. Ele se recorda com carinho das casas em que viveu, nos bairros Vila Monteiro, Vila Independência e Santa Cecília. “Era um tempo bom, em que a gente andava de bicicleta pela cidade com os amigos”, lembra. Dos tempos de escola, ele conta que cabia perfeitamente no clichê “o moleque que ficava sempre desenhando no meio da aula”. “Acho que desde essa época já era artista, já tinha dentro de mim essa vontade”, conta. Tanto que logo aos sete anos vendeu o primeiro quadro, Vaso de Flores, e para o seu psicólogo.
 
Curiosamente, Fábio conta que sente muito mais influências, na hora de criar uma obra, de um cineasta como Charles Chaplin ou do poeta brasileiro Manoel de Barros, do que de outros artistas plásticos. “Sinto que os filmes de um e as palavras de outro acabam me inspirando mais”.
 
Inspirador também tem sido o convívio no Monte Alegre, desde que a família mudou-se, há dois anos, para o condomínio. “Eu já vinha aqui quando era criança, de bicicleta. Só de passar pela Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz) já faz esse caminho especial. Desde aquele tempo, era um lugar especial para mim. Quero voltar e pretendo contribuir, ainda que de forma pequena, para desenvolver a cultura deste bairro, que está mudando. Mas continua fascinante”, define.
 

 

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