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Saúde - Fisioterapia para mastectomizadas

Publicado na Revista Tutti Vida & Estilo | 13ª Edição | Abril | 2014
Foto: Divulgação
Por Carla Campos
 
O câncer de mama é o tipo que mais acomete mulheres em todo o mundo, tanto em países desenvolvidos como em desenvolvimento, segundo dados do Inca (Instituto Nacional do Câncer). Embora a realização do autoexame seja estimulada, estudos recentes mostram que apenas 30% das mulheres o fazem.
 
Vários são os fatores de risco para o desenvolvimento deste tipo de câncer, dentre eles podemos citar a idade, a menarca (primeira menstruação) precoce, o fato de a mulher não ter tido filhos, o uso de anticoncepcionais orais, a menopausa tardia e a história familiar, dentre outros. E, como este tipo de câncer acomete um número grande de mulheres, o assunto não deve ser tratado como um tabu. Ele deve ser abordado e discutido para que possamos esclarecer às mulheres que são acometidas pela doença e às pessoas que convivem com essas mulheres.
 
Para as mulheres que necessitam da cirurgia para a retirada do câncer de mama, inúmeras são as complicações pós-operatórias, sejam elas no âmbito emocional ou físico. 
 
Há três meses, fui dar uma aula para alunas de pós-graduação sobre este tema e muitas delas falaram que não tinham atendido mulheres mastectomizadas após terem se formado como fisioterapeutas. E a experiência que compartilhei é a de que, primeiramente, precisamos entender e respeitar o tempo dessas mulheres, e começar o tratamento ganhando sua confiança, já que se trata de uma cirurgia que chamamos de mutiladora, que extirpa uma parte do corpo especialmente relacionada à sensualidade feminina. E isso mexe muito com essas pacientes.
 
De forma leve e didática, procurei transmitir às alunas informações sobre ações simples, que fazem grande diferença no tratamento das mulheres mastectomizadas. 
 
Citei como meio de tratamento desde práticas simples como ensinar a retirar a aliança ou anel do dedo das mulheres com linfedema; ou como auxiliar as mulheres a melhorar ou a sanar a sensação de mama fantasma, que é a sensação de dor, de coceira ou de presença de mama, mesmo que não estando mais lá. Enumerei outras coisas interessantes que a fisioterapia pode fazer, como reduzir o linfedema, que é decorrente do esvaziamento dos glânglios axilares do lado da mama afetada; trabalhar a melhora da postura, que fica acometida em praticamente todas as mulheres que passam por cirurgia para a retirada do câncer de mama; trabalhar com alongamento e fortalecimento dos membros superiores, associada a massagens e a técnicas de relaxamento que auxiliarão na melhora do quadro doloroso;  da realização de exercícios com os membros superiores, pois normalmente ficam com mobilidade restrita; na realização de exercícios respiratórios, que dentre outras razões, são realizados para melhorar a tensão, a respiração superficial, comum em quem está tensa. Isso são alguns exemplos do que podemos fazer para melhorar a qualidade de vida das mastectomizadas, sempre com muita cautela, com acompanhamento constante durante as sessões, com muita conversa, muito estímulo e muita alegria para passar a essas mulheres, que são guerreiras e que têm sede de viver da melhor forma. 
 
Carla Campos Martins Chamochumbi é fisioterapeuta e doutora em saúde da mulher pela USP-Ribeirão Preto
 

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