Fazemos acontecer

Pai presente

Publicado na Revista Tutti Vida & Estilo | ª Edição | Agosto | 2014
Foto: Alessandro Maschio

Por Ronaldo Victoria

Profissionais bem-sucedidos contam como conseguem conciliar a agenda de trabalho com a missão de ser pai

 Vida agitada, milhões de compromissos, celular sempre ligado. É o retrato atual da maioria dos pais. Mas como eles conseguem encontrar tempo, em meio a essa correria, para ser simplesmente pais? Este é o maior desafio masculino de hoje em dia. Se eles perderam a função de provedores exclusivos da família, por conta do avanço da mulher no mercado de trabalho, em compensação têm agora de dividir as tarefas de casa e de cuidar dos filhos.
 
A boa notícia é que existem homens que, apesar da agenda carregada, encontram tempo para ser pais presentes. E têm mais motivos para comemorar o Dia dos Pais. É o caso do professor e jornalista Marcelo Bongagna, que tem dois filhos: Carol, de 10 anos, e João Pedro, de seis. ´´Eu sou pai adotivo. Eu e minha mulher, Angelise, tentamos algumas vezes, até por inseminação artificial, mas não conseguimos. Então, quando fui pai, eu já estava mais do que decidido´´, conta ele, que mora no condomínio Quintas de Santa Helena, no Campestre.
 
 
 Bongagna já se preparou para o fato de não ter mais tempo apenas para ele, o que hoje é um fato plenamente aceito. Afinal, ele trabalha como assessor parlamentar na Câmara de Vereadores e é professor na Faculdade Anhanguera, onde também atua como coordenador dos cursos técnicos. ´´Além disso, eu divido as tarefas domésticas, mas isso sempre foi uma coisa até cultural. Minha mãe me criou assim´´, conta, já que a esposa também tem uma rotina como secretária da Unimep (Universidade Metodista de Piracicaba).
 
Ele é quem prepara os lanches todos os dias e leva os filhos para a escola. Já os fins de semana são totalmente dedicados às crianças. ´´Eu fico mais com o João, e ela com a Carol.
Vou ao futebol com ele e faço questão de estar do lado o fim de semana inteiro. Não me sobra tempo para ficar sozinho, mas ser pai foi uma luta e uma decisão consciente para mim´´, afirma.
 
 
Desacelerando
Também é assim para o empresário Washington Bressan, sócio, com o irmão Walter, da Arte Luz e da Arte Gesso. ´´Tenho um dia a dia pesado, mas é preciso arrumar tempo´´ conta o pai de dois garotos: Vitor, de 13 anos, e Bruno, de 10. Desde 2007, ele decidiu desacelerar a atividade empresarial. ´´Resolvi que não trabalharia mais nos fins de semana e visitaria menos obras. Tudo isso em função da família. O horário de segunda a sexta continua pesado, das sete da manhã às sete da noite, mas pelo menos eu tenho o sábado e o domingo livres para ficar com os meninos´´, conta ele, morador do condomínio Cap Ferrat.
 
Nas horas de folga, ele fica presente em atividades como andar de bike ou acompanhá-los todas as terças e quintas, à noite, em jogos de basquete no Clube Cristovão Colombo. A esposa, Mônica, formada em farmácia, resolveu se afastar temporariamente da profissão também por conta da família. ´´Hoje ser pai e mãe é também uma luta em que você tem de brigar com inimigos poderosos como a droga e a violência. E até com o Facebook e o celular, se você não se fizer presente. E não adianta só falar que quer ser presente, tem de ser, porque hoje eles são espertos e cobram exemplos´´, diz o empresário.
 
Referência masculina
O bancário Murilo Laranjeira, pai de João, de oito anos, também sabe o que é isso. Ele trabalha na Caixa Econômica Federal, enquanto a mulher, Débora, é jornalista. E sabe que estar sempre do lado do filho, ser enfim a referência masculina, é prioridade também. ´´Eu sempre busco o que fazer. Gosto de atividades físicas, mas faço questão de incluí-lo no programa.
Corro dez quilômetros em volta da lagoa do Santa Rita, bairro onde mora. Sei que ele não pode fazer isso, então resolvi da seguinte maneira: eu vou correndo e ele vai ao meu lado
de bicicleta´´, conta.
 
Além disso, Murilo entrou no Grupo de Escoteiros de Piracicaba apenas para acompanhar o filho, com quem fica todo sábado de manhã. ´´Eu consigo achar um tempo, pois ele quer a companhia da gente, ele quer brincar. E todo começo de noite a gente tira um tempo para jogar videogame, uma paixão em comum dos dois´´.Ser pai, conta ele, é também saber renunciar a muita coisa. O que também não se traduz em generosidade. ´´Não adianta, se você faz a escolha de ser pai, tem de abdicar de muita coisa. Não é preciso desistir, eu resolvo isso incluindo meu filho no que gosto de fazer.´´

Administre seu tempo 
Especialista em administração do tempo, o consultor Christian Barbosa geralmente aborda o ambiente empresarial, mas reconhece que hoje a tarefa de ser pai é tão complicada quanto a de um alto executivo. Barbosa começa sugerindo aos papais preocupados demais que não se estressem – ´´ficar todo o tempo com o filho seria chato para
ambos!´´ -, mas lembra que é preciso criar oportunidades, mesmo que as agendas (e hoje as crianças têm também uma agenda carregada) não batam.
 
´´As oportunidades para que isso ocorra são inúmeras, como os fins de semana em que você poderia deixar o smartphone e o notebook de lado e passar um tempo de verdade com eles. Desenvolver a rotina de jogar videogame ou jogos educativos, como um Banco Imobiliário ou Jogo da Vida. Ou simplesmente lembrar-se deles no meio do dia com um telefonema, perguntando como estão ou dizendo que sentiu saudades´´, destaca Barbosa.
 
Ele também recomenda coisas simples, como pedir ao chefe um meio período em um dia mais tranquilo e fazer uma surpresa para as crianças. Ou pensar em férias em que o contato entre vocês compense por alguns meses. ´´Se você não pode passar o tempo com seus filhos todos os dias ou fins semana, separe suas férias para aproveitar o tempo com a família. Uma fórmula que alguns amigos costumam praticar, e que pode ser bem efetiva, é separar viagens individuais de curta duração com cada um dos filhos. Pode ser uma forma de aproximação e doação única. O importante é saber buscar o sucesso profissional, mas aproveitar sua família´´.
 
Barbosa deixa uma última dica aos pais: se você não ficar próximo do seu filho, alguém ficará. Parece ameaça ou paranoia, mas o consultor, que tem dois filhos, garante ser real. ´´É importante preencher o tempo dos seus filhos, torná-los seus amigos e fazer efetivamente parte de suas vidas. Pois, se você não o fizer, alguém poderá fazer por você. E, sem a proximidade com eles, você não saberá as boas ou más influências que estarão presentes. Faça do hoje um tempo que te dê orgulho no futuro, quando você for
olhar para trás´´, conclui.
 

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