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Dor pélvica crônica. Você já ouviu falar dela?

Publicado na Revista Monte Alegre | 03ª Edição | Julho | 2011
Foto: Divulgação

Após dar à luz, muitas mulheres passam a sentir fortes dores na região da cicatriz da cesárea, porém o que as causa nem sempre é fácil ser detectado. Quando o sintoma de dor persiste por mais de seis meses, um dos diagnósticos pode ser a chamada dor pélvica crônica, caracterizada por pontos dolorosos no músculo abdominal inferior, no qual foi realizada a sutura da cirurgia. É definida como uma dor na região da pélvis, não menstrual, ou seja, não resulta de cólica, com duração de pelo menos seis meses, suficientemente intensa para interferir em atividades habituais e que necessita de tratamento clínico ou cirúrgico. Ela é predominante em mulheres na idade reprodutiva e trata-se de uma patologia acerca da qual a população ainda não possui muito esclarecimento.

 

CAUSAS

A causa da dor pélvica crônica não é clara e usualmente resulta de uma complexa interação entre os sistemas gastrintestinal, urinário, ginecológico, músculo-esquelético, neurológico, psicológico e endócrino, influenciada ainda por fatores socioculturais. Exemplos de alterações que causam a dor são endometriose, síndrome do intestino irritável, cistite intersticial, fibromialgia, aderências causadas por cesarianas, hérnias de disco e síndromes miofasciais.


ESTATÍSTICA

A prevalência estimada de dor pélvica crônica é de 3,8% em mulheres de 15 a 73 anos (superior a enxaqueca, asma e dor nas costas), variando de 14% a 24% naquelas em idade reprodutiva, com impacto direto na vida conjugal, social e profissional, o que a transforma em um sério problema de saúde pública. Cerca de 60% das mulheres com a doença nunca receberam o diagnóstico específico e 20% nunca realizaram qualquer investigação a fim de esclarecer a causa da dor. Em unidades de cuidados primários, 39% das pacientes queixam-se de dor pélvica, responsável por 40% a 50% das laparoscopias ginecológicas – procedimento cirúrgico com o objetivo de diagnosticar alterações na superfície dos órgãos ginecológicos, 10% das consultas ginecológicas e, aproximadamente, 12% das cirurgias para retirada do útero.


TRATAMENTO

Oitenta e cinco por cento ou mais das mulheres com a enfermidade apresentam disfunção no sistema músculo-esquelético, como, por exemplo, alterações posturais que podem contribuir para o aumento na tensão e espasmo muscular que exacerbam a dor. A fisioterapia pode atuar na avaliação e no tratamento da dor pélvica crônica que envolva alterações músculo-esqueléticas. Quando um diagnóstico específico pode ser feito, o tratamento também é específico para essa patologia. Do contrário, ele deve ser dirigido para o controle da dor.


DIAGNÓSTICO

Uma boa avaliação realizada pelo médico é essencial para fazer um diagnóstico preciso e precoce, evitando, dessa forma, procedimentos cirúrgicos desnecessários, particularmente a laparoscopia, ao menos antes de descartar síndrome do intestino irritável e síndrome miofascial; instituir tratamento adequado: quando não para a patologia primária, usar medidas para o controle da dor.


Carla Campos é fisioterapeuta e doutora pela USP (Universidade de São Paulo).

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