Fazemos acontecer

Poesia em madeira

Publicado na Revista Monte Alegre | 13ª Edição | Março | 2013
Foto: Alessandro Maschio / MBM Ideias

Profissional trabalha na restauração de portas e janelas das casas da antiga Vila Heloísa

Raphael Esteves Farto, 33, tem uma definição muito interessante sobre seu trabalho. “Para mim é uma terapia. Eu faço o que gosto, então não me canso nem um pouco porque só me dá prazer. Eu não trabalho, eu venho aqui pra me divertir”, ele conta na marcenaria que fica onde antes funcionava a sede do Clube União Monte Alegre Esporte Clube, no coração do bairro.

Ele concorda que é a mais perfeita tradução de uma frase do sábio chinês Confúcio: “Escolha um trabalho que você ame e não terá de trabalhar um só dia da sua vida.” Raphael ama trabalhar com madeira, ofício que teve transmissão genética, pois aprendeu com o pai, João Esteves.

Hoje, Raphael trabalha com Wilson Guidotti Junior, o Balu, empresário que vem promovendo a reconstrução do Monte Alegre, mantendo os imóveis tombados com o estilo original. É aí que entra a arte de Raphael.

A sua missão atual é fazer portas e janelas de amostra, em madeiras como peroba e canela, para as casas da antiga Vila Heloísa, onde ficavam as casas dos operários da usina. “Eu já fiz até agora umas 20 janelas, e a gente tem o cuidado de deixar no tom que era antes, um tom de vermelho-terra”, conta. No futuro, a antiga Vila Heloísa abrigará cafés e bares, como parte de um pólo turístico do bairro.

“Todas essas janelas não são feitas ‘a olho’. Ao contrário, são analisadas fotos antigas, que o Balu tem do bairro. Como todo o conjunto é tombado pelo patrimônio histórico, não podemos mudar nada do estilo original, nem mesmo a cor”, explica o marceneiro.

Fora este trabalho, que considera fascinante, Raphael trabalha com móveis de todo tipo: cadeiras, mesas, banquinhos, poltronas... “Mas prefiro madeira antiga, não gosto de madeira nova. A vida toda trabalhei com material de demolição”, conta.


BOM É AQUI

Nascido em Piracicaba, Raphael foi morar em São Paulo, com a mãe, quando os pais se separaram. “Eu fui para o Jaguaré, na Zona Oeste, e naquele tempo, há mais de 20 anos, o bairro era meio barra-pesada, transformou-se com o tempo. Mas não gosto muito de morar em São Paulo. Para mim, São Paulo é para passear, só”.

Com isso, logo voltou para Piracicaba e, naquele tempo, na adolescência, já havia aprendido os segredos da marcenaria com o pai, numa oficina localizada na rua Bom Jesus, no Bairro Alto. Foi aí que conheceu Balu Guidotti e tudo mudou. “Ele encontrou com a gente num sítio em Tupi, logo meu pai começou a trabalhar com ele e então viemos morar no Monte Alegre”, lembra.

Ele já está há cinco anos no bairro e tem poucas coisas do que reclamar. “Adoro viver aqui, nessa tranquilidade. Só acho que poderia ter mais oportunidades, porque não temos farmácia, nem supermercado, por exemplo”, explica.

Orgulho mesmo ele tem da profissão, e já teve uma mesa feita à base de um tonel de carvalho, fotografada com destaque na revista Casa Vogue. “É muito bom ser reconhecido pelo que a gente gosta de fazer.” (por Ronaldo Victoria)

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