Fazemos acontecer

De asteroides, cometas e sonhos

Publicado na Revista Monte Alegre | 13ª Edição | Março | 2013
Foto: Ilustração: stock.xchg.com

Nestes tempos mutantes, nada mais passível de alvoroço que a aproximação de um corpo celeste, ou fragmentos dele, da órbita de nosso planeta. Os meteoros, popularmente conhecidos como estrelas cadentes, sempre povoaram o imaginário humano, sendo relacionados à sorte de quem é brindado com sua visão.

O que dizer sobre a queda de meteoritos que se desfizeram em estrondosos rastros de luz e em infinitos pedacinhos que feriram e assustaram tanta gente, embora não tenham matado ninguém? Há bem pouco tempo, na fria e distante Rússia, país que ocupa tanto parte da Europa quanto da Ásia, muita gente registrou esse fenômeno que, quase simultaneamente, pôde ser observado em todo o mundo por meio da mídia eletrônica com suas redes sociais.

Seriam aquilo fragmentos do tal asteroide (massa composta de material rochoso e metálico), cuja trajetória estava perigosamente se aproximando da órbita da Terra?

Medo, ansiedade, curiosidade e até excitação são sentimentos que tomaram de assalto grande parte da humanidade naqueles dias. A outra parte estava muito ocupada, às voltas com seus infinitos problemas e tarefas ou distraídas e alienadas simplesmente da informação.

Muita especulação e busca por explicações plausíveis fizeram de alguns cientistas os eleitos para seus efêmeros 15 minutos de fama. Eles nos informaram também das possíveis efemérides futuras, capazes de transformar, em instantes, os rumos do nosso pequeno planeta.

A análise dos materiais que compõem tais fenômenos nos esclarece sua natureza. Os cometas, por exemplo, nada mais são do que aglomerados de gelo que, ao se desintegrar, deixam aquele lindo rastro luminoso a que chamamos de cauda de cometa.

Vale lembrar o significado que esses eventos assumem pelas mudanças que eles promovem. Difícil não pensar naquele cometa, a estrela-guia que há 2013 anos levou três reis magos até uma manjedoura onde dormia um menininho recém-nascido, que foi responsável, no mínimo, por zerar a contagem dos anos e reiniciar uma nova eram era do cristianismo, com sua revelação sobre a possível ressurreição do homem e sua vida eterna em outra dimensão deste fascinante universo.

Ressuscitar, renascer, reviver, sobrevoar com olhos mais potentes capazes de captar outras realidades sutis e toda a grandeza desse universo infinito onde nada acontece por acaso. Nessa perspectiva, existe um fenômeno mais denso do que qualquer asteroide e de cuja matéria são feitos nossos sonhos. Esses, sim, são realmente capazes de modificar nossas vidas e até mesmo transformar esse imenso e aparentemente insondável universo.

As sondas dos nossos sonhos podem ir além ou até onde nenhum artefato humano jamais chegou. Somente por meio dos sonhos a humanidade é capaz de vislumbrar as reais dimensões do infinito e desfazer os limites do tempo.

Entre asteroides, cometas e sonhos, os últimos são os únicos fenômenos capazes de confrontar e remodelar a realidade do imenso e maravilhoso universo que mal conhecemos.

Sonhos vãos, sonhos maus, sonhos bons, precisamos ter muito cuidado com eles que são os mais potentes agentes de transformação, capazes de explodir cidades, deslocar montanhas, implodir planetas e até construir verdadeiros universos paralelos em desalinho com o nosso universo original.

Somente nossos melhores sonhos serão capazes de equilibrar diferentes forças de natureza e garantir a nós, seres sonhantes, a possibilidade de um mundo bem melhor.


Re Fernandes é piracicabana, mora no Rio, é artista multimídia, designer, professora e pesquisadora das linguagens artísticas. É autora do livro Da Cor Magenta – Um Tratado Sobre o Fenômeno da Cor e Suas Aplicações, pela editora Synergia, RJ.

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